Breve histórico
A segunda metade do século XIX marca um período de crescimento econômico e social para a Vila Real do Crato, situado ao sul do estado do Ceará. Criado a partir da implantação do núcleo missionário dos frades capuchinhos, o vilarejo passou por mudanças nas estruturas sociais, principalmente por ter se tornado o local onde se concentrou e convergiu o maior número de famílias das elites da região que passaram a construir uma sociedade de hábitos e costumes refinados.
É nesse contexto social que no ano de 1875, por iniciativa do então Bispo do Estado do Ceará D. Luiz Antônio dos Santos, é inaugurado o Seminário São José. As obras de construção, iniciadas no ano anterior, tiveram como maiores incentivadores, as famílias da sociedade local, que viram na iniciativa mais um passo para o crescimento da região.
O seminarinho, como era chamado, possibilitou a educação religiosa e de nível superior para os habitantes da região como também dos estados vizinhos. A princípio o objetivo era que a conclusão do mesmo acontecesse no ano de 1874, porém por falta de recursos provenientes das doações dos fieis, a finalização da obra só ocorreu no ano seguinte.
Fonte: Arquidiocese de Fortaleza
O bispo da época, diante deste empecilho, muda-se para a região, em 31 de dezembro de 1874, para arrecadar recursos que finalizassem a obra. Porém, ao passar três meses na região, D. Luiz percebe que a obra não iria ser finalizada a tempo para o início das aulas ainda naquele ano. Desta forma, autoriza a construção de um espaço que acolheria os primeiros alunos que já chegavam à cidade.
A construção, feita de taipa, em 07 de março de 1875, se deu aos pés de um pau d’arco, que ainda existe no seminário. Nesta ocasião, aconteceu a primeira ordenação no Seminário. Foram ordenados três religiosos vindos do Seminário da Prainha, em Fortaleza - Francisco Lopes Abath, natural do Crato; José Leonardo da Silva, de Iguatu e Manoel Felix de Moura, de Milagres.
Enquanto as aulas eram ministradas nos barracões , o prédio de tijolos ergueu-se pouco a pouco. O Seminário São José, como se conhece hoje, só iria ser finalizado em agosto de 1875.
Em meio a sociedade pós- moderna ainda existem pessoas que se sentem atraídas a viver uma vida religiosa de doação ao próximo. Jovens seminaristas que se dedicam a formação para a ordenação sacerdotal.
Curiosidade
A instalação do Seminário São José se deu antes da criação da Diocese do Crato, que só veio ocorrer 39 anos depois, em 20 de outubro de 1914.
No início das atividades educacionais do Seminário São José podiam ser matriculados jovens com pelos menos 10 anos de idade, que soubessem ler e escrever, não sofressem de doença crônica ou contagiosa, portando um atestado de comportamento e estudo, quando fossem encaminhados de outras instituições.
Curiosidade
Durante os 100 anos da Diocese de Crato cinco bispos estiveram a frente da administração episcopal, sendo eles: Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, Dom Francisco de Assis Pires, Dom Vicente de Paulo Araújo Matos, Dom Newton Holanda Gurgel e Dom Fernando Panico, que é o bispo atual.
Ciências e Teologia
Ao ser criado o Seminário São José, que foi a primeira instituição de ensino superior do interior do Estado, formava seus alunos em dois cursos, o de Ciências, com duração de dois anos, e o de Teologia, quatro anos. No curso de Ciências os alunos tinham disciplinas como Filosofia, História, Física, Ciência e Canto Gregoriano; o de Teologia abordava estudos sobre Teologia Moral e Dogmática, Direito Canônico, História Eclesiástica, Sagrada Escritura, Liturgia, Eloquência Sagrada e Canto Gregoriano.
Novos tempos
Atualmente o vocacionado, que deve ter no mínimo 16 anos para ingressar no Seminário São José, passa por um acompanhamento com a Pastoral Vocacional em sua comunidade de origem, sendo encaminhado para o Seminário Propedêutico, que funciona em Barbalha, onde o jovem passa por um ano de preparação, dando os primeiros passos na vocação e estudando para prestar vestibular para o curso de Filosofia.
Sendo aprovado no vestibular, o seminarista ingressa no Seminário Maior, em Crato, onde vive sete anos, dos quais três deles são dedicados à graduação em Filosofia e os quatro restantes em Teologia.
Hoje os seminaristas passam aproximadamente nove anos para receberem a ordem sacerdotal.
Fotos: Árysson Magalhães
Padre Edson Bantim
Reitor do Seminário São José
Perfil dos seminaristas passa por mudanças
As mudanças acontecidas na sociedade atingiram também o perfil dos seminaristas. O reitor do Seminário São José, Padre Edson Bantim, natural da cidade de Tarrafas (CE) e ordenado através deste seminário, explica no vídeo ao lado quais as principais características deste novo perfil e as principais dificuldades para a formação dos novos candidatos ao sacerdócio.
A Formação
Em 140 anos de História, Seminário Diocesano São José fortalece sua identidade Religiosa
O Seminário Diocesano São José sempre teve como objetivo, ao longo da história, ser um espaço de formação para os jovens que têm o desejo de se tornarem sacerdotes. Com o passar dos tempos esta formação foi sofrendo alterações que fortificaram ainda mais sua identidade religiosa.
Se antes o investimento nas vocações foi visto como prioridade para a criação do Seminário, considerado celeiro de vocações religiosas do interior do Ceará, hoje é visto como essencial para perpetuação da doutrina católica, sobretudo em meio a tantas opções que o mundo oferece aos jovens que ainda lutam pela resistência da fé. Na celebração dos 140 anos da casa de formação, realizada em 7 de março, o bispo diocesano Dom Fernando Panico, 5º bispo da Diocese de Crato, afirmou que “a igreja se faz contemporânea de todos os modos e de todos os tempos. Os 140 anos do Seminário São José é uma graça a ser olhada com enfoque do passado, mas uma graça para apreciarmos a importância do seminário no hoje, com olhar no futuro”.
A formação dos novos padres tem sido prioridade no episcopado dos cinco bispos que estiveram a frente da Diocese de Crato.
O dia a dia dos seminaristas
Os seminaristas têm uma semana cheia, o dia começa bem cedo, com a primeira oração. Depois do café da manhã, têm aulas todos os dias sobre vários temas, como formação humana, espiritualidade, Igreja e filosofia.
Após o almoço, as atividades são variadas, entre aulas, limpeza da casa, além da prática de esportes. Uma vez por semana os seminaristas têm um dia de folga e podem visitar seus familiares. Porém, precisam retornar até as 19h.
Atualmente a Diocese de Crato tem 66 seminaristas, sendo 44 da própria diocese, 11 da Diocese de Iguatu, 8 da Diocese de Cajazeiras e 3 da Diocese de Petrolina. Dentro do seminário, os vocacionados passam por acompanhamento psicológico individual e em grupo, trabalhos de teologia espiritual e também de orientação individual, além da observação da equipe de formação e do próprio reitor.
“A Igreja precisa de sacerdotes, mas não de qualquer tipo de Sacerdote”, disse o Cardeal Piacenza em Carta aos Seminaristas, escrita em 2013.
Em cada história contada pelos seminaristas, a demonstração do amor pela Igreja e por Jesus Cristo é evidente. Amor este que é determinante para eles escolherem a vocação sacerdotal. Clique nos vídeos e veja.
Fonte: Diocese de Crato
Créditos
Aline Salustriano
Repórter
Patrícia Silva
Repórter
Priscila Araújo
Repórter
Hanna Menezes
Suporte técnico